O texto abaixo relata o testemunho pessoal de Alessandro Andrade, fundador do site Cifra de Louvor, onde é explicado com detalhes a condução do Espírito Santo em sua vida.
O dia em que um roqueiro disse para eu não tocar rock
Publicado em 11/02/2011 por Alessandro Andrade
Quando eu era adolescente, fiz meu segundo grau (ensino médio na minha época) numa escola católica. Na verdade, isso não fazia nenhuma diferença, porque na prática o colégio não tinha nenhum princípio religioso que fosse sujeitado aos alunos.
O ano era 1995 e essa foi a primeira vez em que estudei numa escola que não era da minha igreja, após 8 anos numa escola adventista. Pensei que isso não influeciaria minha vida espiritual, mas não foi bem isso que aconteceu.
Dois anos depois, eu já estava fazendo coisas que nunca pensei que faria. Para resumir a situação, naquele momento eu me considerava um roqueiro de carteirinha. Nesse meio tempo, aprendi a tocar violão e devido a uma influência de um amigo da minha sala, estava decidido de uma coisa: queria tocar numa banda de rock.
A ideia veio desse amigo de escola, que não sabia tocar nada mas que me fez uma proposta bastante interessante: “Meu pai vai me comprar uma guitarra. Como eu não sei tocar, quero que você me ensine. Aí você pode ficar com a guitarra de vez em quando. E aí com o tempo, a gente pode montar nossa banda”. Pra mim estava ótimo. Nunca tinha tocado uma guitarra ainda e a ideia de tocar numa banda parecia muito boa.
Nessa época, por incrível que pareça, eu ainda frequentava a igreja normalmente. Na verdade eu nunca considero que saí totalmente da igreja, nem mesmo nessa época em que eu estava pensando em ser rockeiro. É difícil de entender e de explicar, mas sempre me vinha na cabeça a possibilidade de que quando eu realmente fizesse parte da banda, que pudéssemos fazer algum show na sexta-feira à noite (início das horas sabáticas) e isso me incomodava. Parece que lá dentro de mim algo ainda dizia que isso seria errado.
Enquanto fazíamos nossos planos, conheci uma menina que fazia parte do clube de Desbravadores junto com meus irmãos. Conversei um pouco com ela e, não sei porque, acabei soltando que eu estava com ideias de fazer uma banda de rock. Ela disse: “Legal! Meu tio também já fez parte de uma banda de rock.” Estranhei um pouco a reação dela, mas perguntei o nome da banda em que o tio dela já tinha tocado. “Legião Urbana”, disse ela.
Nesse momento eu quase caí pra trás! Arregalei os olhos e perguntei pra ela: “QUEM É O SEU TIO???”. Aí ela disse: “Renato Rocha“. Quando ela disse isso, eu prestei um pouco mais de atenção na fisionomia dela e percebi que ela realmente tinha os mesmos traços que o ex-baixista da Legião Urbana, Renato Rocha. Quase pirei. Comecei a tagarelar, dizendo que era super fã da Legião Urbana (e realmente era), que queria conhecer o tio dela, pedi que ela me trouxesse um autógrafo dele e etc. A menina só sorria e dizia que tudo bem, que iria ver se conseguiria.
Logo que tive oportunidade, fui contar pra meu amigo do colégio que tinha conhecido a sobrinha de um ex-integrante da Legião Urbana. Ele teve quase a mesma reação que eu e ficou louco pra querer conhecer o cara. Passei vários dias falando sobre esse assunto.
Tempos depois, a tal menina disse que o tio dela estava em Brasília, mas que ficaria pouco tempo. Perguntou pra mim se eu queria conhecê-lo. Eu disse “Claro!”. Ela disse que eu poderia passar em sua casa à tarde.
Falei pro meu amigo que poderíamos conhecer o cara e então ele chamou mais dois amigos que nos pegaram de carro para ir pra casa da menina. Nos atrapalhamos um pouco para achar o prédio, mas quando achamos e confirmamos o apartamento certo pelo interfone da moça, meus colegas começaram a pular de alegria embaixo do prédio, como crianças. Subimos no apartamento, onde fomos recebidos pela menina e seus avós, que nos trataram super bem. Ela disse que o tio dela estava no quarto, fazendo umas massagens pra dor, porque tinha acabado de dar umas voltas de bicicleta, mas que já já nos receberia. Estávamos nos sentindo como se fôssemos jornalistas de algum programa de música. Todos estavam super ansiosos.
Uns 15 minutos depois, ele apareceu no corredor, sorrindo e fazendo um “V” de vitória para nós. Nos levantamos e fomos cumprimentá-lo, meus amigos começaram a mostrar CDs pra ele autografar. Pedi que ele autografasse minha camisa.
Nos sentamos e começamos a perguntar como era a vida enquanto ele tocava na Legião Urbana. Ele disse que viajava muito e ganhava muito dinheiro. Disse que gastava tudo com besteiras, até comprando inúmeras revistas em quadrinhos. Disse que gostava de aproveitar bem os hotéis onde ficavam, ficando horas na piscina. Disse que na maioria das vezes, Renato Russo ficava sozinho no quarto. Disse que ele sempre foi muito depressivo.
Em vários momentos da conversa, ele se emocionou, pois fazia pouco tempo que Renato Russo tinha falecido. Quando ficava muito emocionado, ele pedia pra mãe uma xícara de café. Num desses momentos, não sei por qual motivo, perguntei a eles se eles conheciam cevada. Eles disseram que não. Eu disse que era parecido com café, mas que não fazia mal. Os pais dele disseram “é, realmente… café faz mal para os ossos”.
Depois de cerca de meia hora de conversa, ele ficou novamente um pouco emocionado e disse que precisava sair, para ver velhos amigos. Ele se levantou e fez questão de abraçar cada um de nós. O que mais me impressionou nesse momento foi o que ele fez questão de dizer e repetir enquanto abraçava cada um de nós:
– Não seja roqueiro, cara. Não vale a pena.
Aquilo soou pra mim como um tapa na cara. Fiquei embasbacado com o que ele disse. Como assim “não seja roqueiro”? Ele era um dos responsáveis por me fazer querer ser um!
Voltei pra casa com a cabeça cheia de dúvidas. Não fazia sentido ele ter dito aquilo. Quando cheguei em casa, minha mãe veio brigar comigo pois descobriu aonde eu tinha ido. Ela aos poucos foi diminuindo o tom de voz, talvez por perceber que eu não parecia bem. Fui para o meu quarto e fiquei um tempo sozinho.
Enquanto estava no quarto tentando entender o que aconteceu naquele dia, algo dentro de mim me fez querer ler a Bíblia. Levantei, peguei minha bíblia no móvel no meu quarto, mas não sabia o que ler. Resolvi abrir numa página qualquer. Meus olhos correram pelos versos mas parou no verso 5 do Salmo 27, que pela primeira vez na minha vida, fez eu sentir como se Deus estivesse falando diretamente comigo:
“Pois, no dia da adversidade, ele me ocultará no seu pavilhão; no recôndito do seu tabernáculo, me acolherá; elevar-me-á sobre uma rocha.” Salmos 27:5
Naquele dia, tive a certeza de que Deus queria muito que eu sempre continuasse do Seu lado. Compreendi que realmente foi Ele que fez aquele homem dizer pra mim exatamente o oposto do que eu achava que ouviria naquele dia. Tempos depois, vi uma notícia no jornal dizendo que Renato Rocha queria criar uma nova Legião Urbana. Ou seja, não faria sentido o que ele disse pra mim, de que não valia a pena, se ele mesmo estava novamente tentando alcançar a fama. Isso foi apenas mais uma prova de que Deus falou comigo naquele dia, por meio dele.
Desse dia pra cá, tenho me esforçado em me manter nos caminhos de Deus e usar meu talento musical em honra e louvor a Ele. E além disso, venho tentado mostrar também a outros jovens que realmente não vale a pena tocar músicas vãs. Esse é o motivo principal que me motivou a criar o site CifrAdventista.com, hoje denominado Cifra de Louvor. Na minha época, era muito difícil encontrar cifras de músicas cristãs. Então resolvi pegar as poucas cifras que eu tinha e publicar em um site pessoal que eu tinha. Isso foi a semente para o que veio a se tornar o Cifra de Louvor, onde hoje você pode ter a oportunidade de ler sobre minha história e aprender a tocar louvores.
Peço a você, que leu este testemunho, que ore por mim. A cada dia sou tentado em vários aspectos, assim como muitos jovens que atuam no Ministério da Música também são. Peço que você ore por todas as pessoas que de alguma forma louvam a Deus pela música, para que essas pessoas continuem firmes e não sejam iludidas pelo brilho desse mundo.
Que Deus possa nos abençoar. Que possamos sempre louvar a Deus. Isso sim, vale a pena.
Ajudando o roqueiro que me disse “não siga no rock” (29/03/2012)
Publicado em 28/03/2012 por Alessandro Andrade
Nos últimos dias fiquei sabendo pelos telejornais e noticiários na internet que Renato Rocha, ex-baixista da banda de rock Legião Urbana, está atualmente morando nas ruas do Rio de Janeiro como um mendigo, carregando seus pertences num saco plástico.
Fiquei muito triste em receber essa notícia, considerando que tive a oportunidade de passar uma tarde conversando pessoalmente com Renato na casa de seus pais em Brasília no ano de 1997. Sua mãe ainda era viva e apesar de estar longe da fama e abalado com a então recente morte de Renato Russo, transmitia alegria por estar junto da família, sua esposa e sua filha que na época era uma linda bebê. Sua aparência também transmitia muito mais saúde, sustentada pela prática de esportes como o ciclismo e a “queda-de-braço”, esporte este que quase lhe rendeu o título de campeão brasileiro por mais de uma vez, fato não muito conhecido pela maioria das pessoas.
Renato Rocha teve uma participação determinante na história da minha vida e nos rumos que tomei, como tive a oportunidade de relatar em um texto publicado a algum tempo atrás. Agora, vejo que eu e você podemos fazer algo para trazer esperança para a vida dele. Vou explicar como.
Desde o dia em que soube que Renato Rocha estava nas ruas, tenho orado diariamente por sua vida, por seus caminhos e pedido que Deus proteja sua vida de todo e qualquer mal. Quero convidar você que está lendo este texto e que também leu meu testemunho contado anteriormente, caso compartilhe da fé de que a vida de Renato Rocha pode ser transformada, que ore junto comigo para que Cristo faça Sua obra de amor na vida dele.
Outra atitude que gostaria que fosse tomada, por mim ou por amigos que se disponham a me ajudar com isso, é fazer com que Renato Rocha tenha acesso ao texto do livro A Grande Esperança, livro este que foi distribuído pessoalmente e através da internet em 8 países da América do Sul a partir do dia 24 de março de 2012. Somente na internet, a versão digital do livro já teve mais de 8 milhões de acessos.
Enfim, quero terminar dizendo que tenho dentro de mim uma vontade muito grande de poder encontrar Renato novamente e dizer a ele tudo o que Deus me proporcionou desde aquela tarde em 1997 até hoje e falar um pouco sobre tudo o que Deus quer oferecer a ele como amigo. Vou além e sonho em ter a oportunidade de tocar ao lado de Renato Rocha e, junto com ele, poder falar pela música a outras pessoas sobre o bem que Deus fez e pode fazer a todos nós.
Que Deus esteja conosco.
Conclusão (24/05/2021):
No mesmo ano de 2012, vi uma foto publicada nas redes sociais de um jovem entregando o livro A Grande Esperança para Renato Rocha, nas ruas do Rio de Janeiro. Essa foto encheu meu coração de esperança. Após isso, Renato foi internado em uma clínica de recuperação para dependentes químicos, onde passou seus últimos dias. Ele morreu no dia 22 de fevereiro de 2015, em um quarto de hotel, onde passava o fim de semana, em uma das saídas permitidas pela casa de recuperação.
Somente no grande dia da volta de Cristo, saberemos se ele aceitou o convite do Espírito Santo. Mas, enquanto isso, muitos outros jovens podem ser resgatados da ilusão de que a fama trazida pela música pode trazer alguma felicidade. Ou mesmo que as letras de músicas seculares, que falem de dor e sofrimentos reais, possam trazer alguma resposta. Nada pode se comparar à alegria de estar com meu Jesus. Precisamos mostrar isso a mais pessoas. Que o Espírito Santo atue de forma poderosa nestes últimos dias em nossa história desta Terra. Amém.